quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

quemquereria


1h48, e vem a vontade de escrever. Não, não é aquela que as pessoas que escrevem sempre (definitivamente não o meu caso) sentem a cada ideia brilhante ou tropeção ao longo do dia. É aquela meio besta com a qual na verdade você acordou ainda às 6h18 da manhã, mas pensou que fosse só o efeito da Coca-Cola de 600 ml que tomou pouco depois; ela - a vontade - voltou a bater quando uma cobrança desnecessária de chefe no momento em que você ainda ligava o computador foi assimilada como algo muito positivo, cumprida com bom-humor e acabou rendendo aqueles frutos efêmeros do trabalho, que sequer se traduzem em salário, mulher ou cerveja; a vontade de escrever deu ainda mais uns cinco ou seis sinais de existência ao longo do dia, interpretados como: sorte, adrenalina, o bom humor depois de uma piada que fez todos rirem, a felicidade pós-almoço... um espirro 'conquistado' ou até mesmo o alívio após um peido segurado.

2h13, e o sono pesa, o laptop quase cai no chão com o tranco de acordar com aquele susto de microssonho. Onde eu estava mesmo?
Ah, vontade de escrever. Será que se eu apenas me entregar e dormir ela se transforma num sonho realmente bom, com muito mais apelo que umas palavras sonsas sobre uma quarta-feira? Afinal, quem quereria ler sobre uma quarta? Nem sexta é.
E a perspectiva nada animadora de menos de 4 horas de sono começa a pesar, e acho que não vale mais a pena publicar este texto. Não diz nada. O que vão pensar?
'Legal, rolou uma vontade de escrever e saiu esta merda'. Bem isso.

Essa farinha toda sou eu, enrolando para dizer o que sei desde ontem; mais: desde a semana passada. Surgiu uma fiapo de luz, a vida sorriu por um momento que durou exata meia procissão de um bloquinho de carnaval. E um pouco daquilo antigo, daquele cara lá de trás, voltou correndo pro futuro dele, se encontrou com meu presente; voltou pra mim.

Foi bem numa terça, um tanto quanto de cinzas. Pra predizer todo possível 'fatidicismo' que me aguardava na esquina do final de semana, e a perspectiva de que foi aquilo, só. Felicite-se e siga, tem mais não. A vida sorriu, mas foi aquele sorriso filha-da-putinha antes de apertar o botão que abre o chão falso sob meus pés.

Melhor. Eu gosto da vida sorrindo - até assim. Significa que ela está querendo brincar, me cutucando com o nariz, como cachorro pedindo atenção do dono. Só que ela que é dona de mim.

3h02. Fica, vontade.