quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vai um biscoito?

Santa Rosa, zona rural do município de Santa Rita, interior do Maranhão. 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

As aventuras de um pendrive

Fez-se necessário que eu narre aqui uma situação ocorrida ontem durante o dia na sede do município de Coari, Amazonas. Quero narrá-la não só para que eu possa rememorá-la e rir no futuro, mas como um certo tipo de experimento.
Meu pendrive é provavelmente o mais usado no barco. Desconfio que isso seja não só pelo tamanho da memória (8 GB), mas também pela simpatia de seu design arrojado em formato de skate, ao qual as pessoas incontrolavelmente se afeiçoam. Não há orgulho nenhum em ter o pendrive mais rodado da parada, até porque isso significa que ele é o mais promíscuo e provavelmente o mais carregado de vírus vindos dos outros computadores.
O fato é que quero constatar as mudanças na atitude das pessoas depois que eu contar por onde meu belo pendrive andou passeando. Não vou nem propagandear falando que escrevi um texto novo pro blog, deixemos que o destino os leve a ler sobre esta breve e profunda aventura.

Estava eu na lan house mais próxima do porto onde o barco está ancorado, fazendo meu trabalho e esperançoso de falar com Gabriela na internet. O sinal da internet no barco não estava lá essas coisas - como em grande parte da viagem -, e optei por ir à lan house. Acabei vendo que a suposta "banda larga" do lugar não era muito melhor que o sinal no barco - fiquei por lá mais de 3 horas seguidas até conseguir mandar tudo que precisava pro trabalho.
Sei que, depois de muito tempo lá sentado, começou a me dar uma vontade forte de fazer xixi. Vi que o negócio ainda ia demorar, desliguei o monitor e fui em direção ao banheiro. Levei comigo o celular e o fone de ouvido (estava ouvindo música), além de meu magnífico pendrive - não ia deixar meus bens dando sopa assim.
A portinha no canto da loja tinha uma plaquinha até ajeitada que dizia "banheiro". Mesmo assim, perguntei pra moça do caixa: "Ali é banheiro, né?" - ok, a pergunta pode ter parecido meio desnecessária. Mas pior que ela me olhou com uma cara de quem peidou no elevador e disse "É... Assim... Dá pra usar, né..." Achei que ela estava com vergonha só porque viu que eu era branquelo estrangeiro alienígena, e respondi com um sorriso humilde: "Náá, tranquilo" (Afinal, é só um xixizinho - pensei).
Quando abri a porta, me deparei com o que devia ser uma réplica do banheirinho do zelador do inferno, depois de o próprio ter acabado de castigar a porcelana. Procurei pelo interruptor na parede, e ouvi a mulher falando atrás: "É assim mesmo, no escuro". Com a luz de fora, consegui ver o suficiente - as paredes todas com os tijolos à mostra ou toscamente cobertas por cimento, alguns fios elétricos expostos, chão suuujo pra caramba, teto reclinado pelo que parece ser a escada dos fundos da loja vizinha... Na parede tem até um furo de uns 10 cm de diâmetro que dá pros computadores, mas pelo menos tiveram a decência de tapá-lo com um pedaço de isopor pra que moleques tarados não se aproveitem da circunstância.
Encostei a porta e acendi o celular para conseguir pelo menos mirar na privada - apesar de não fazer muita diferença devido ao estado do chão. Com a pouca luz ainda foi possível ver que a água no trono não era transparente, muito longe disso. Formas semi-sólidas também pareciam habitar por ali. Olhei pra cima, respirei fundo e mandei o xixizão.
Alívio por uns 5 segundos, desespero em seguida. Senti que o pendrive, que estava na mesma mão do celular, havia escorregado (BURO, por que não guardou no bolso!?). Ouvi só o barulhinho na água: "ti-bluct". Se você já assistiu o filme Trainspotting, sabe bem que cena veio imediatamente à minha mente.
Em uma microfração de segundo, vi a vida do pendrive passar pela minha frente. O dia em que a Gabriela me presenteou com ele, o primeiro arquivo salvo, o primeiro vírus encontrado, a rodinha que quebrou no meu bolso, tantos arquivos, tantas imagens, tantas músicas... Me agachei e vi com a luz do celular a pontinha dele pra cima enquanto o pobre jazia como um iceberg, mais de 95% encoberto em um oceano de dejetos nos mais diversos estados de decomposição.
A adrenalina subiu à cabeça e consegui pescá-lo com as pontas dos dedos, levemente triscando a superfície do plasma que habitava a privada. Parece que esse "triscar" vai me arrepiar os cabelos da nuca por um bom tempo, sempre que eu lembrar dessa história. Vi que havia ao lado da privada um balde cheio d'água, e não pensei duas vezes. Mergulhei o pendrive lá, dei umas esfregadas e tirei sacudindo a mão, procurando inutilmente alguma toalha, papel, guardanapo... Uma calcinha pendurada já teria sido de alguma ajuda.
Na falta de algo pra secar, usei a parte de trás da bermuda e guardei o pendrive no bolso lateral. Sequei a mão do mesmo jeito, fechei as calças e saí do banheiro. É, esqueci de falar que essa manobra toda foi feita com o zíper aberto e a bermuda querendo descer pras canelas.
Passei pela mulher e falei "Cê foi boazinha dizendo que dava pra usar, hein!", mas acho que saiu mais como um grunhido do que como algo inteligível. Sentei de novo em frente ao computador, mas não conseguia nem olhar pra minha mão direita, como se ela não fizesse parte de mim e ficasse me olhando fixo. Percebe-se que, como bom canhoto, escolhi subconscientemente que sacrificaria a mão direita caso um ser do abismo resolvesse puxá-la privada adentro.
Abri a carcaça do pendrive no dia seguinte e o sequei por dentro também, apesar de que já estava praticamente seco. Testei-o em seguida, está tudo ok.

Quero saber agora quanto tempo vai demorar até que as pessoas do barco leiam meu blog e passem a olhar o pendrive com outros olhos. Pode ser até que uma delas esteja com o pendrive plugado no próprio computador enquanto lê, e se eu estiver atento o bastante vou ver um olhar de nojo eterno, primeiro pro pendrive, depois pra mim. Ele vai deixar de ser o pendrive mais popular da parada, o que não é nenhum problema. Só não sei se minha mão direita também vai passar a sofrer discriminações - o que é passível de processo, já que o ambiente é de trabalho.
Finalmente, queria dizer que sou ídolo aqui no Amazonas. Tenho fãs incontroláveis, às vezes parece que sou só eu na equipe porque nem olham direito pras outras pessoas. O problema é só que os fãs são os carapanãs (mosquitos) locais, e a grande obsessão deles é pelos meus pés. Veja aí como eles ficaram após a passagem por Codajás. Ainda bem que aqui em Coari eles são menos famintos.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Quisera ser um peixe

(rá! jaçanãs!)
(ó ali a beirinha do barco)
(Vila do Jacaré)
(açaí)
(isto é um campo de futebol. mas tirei a foto mesmo pela arquibancada.)

Ok, prometo que escrevo alguma coisa estes dias. Período grande sem internet, tava difíícil. Agora tenho que ir ao banco. Cheguei ontem a Coari, que é uma cidade maior que a média - o fato de haver uma usina da Petrobras deve ter alguma coisa a ver com isso...

domingo, 2 de maio de 2010

Quem sabe agora vai

Upload de fotos, round two. FIGHT!
Aê! Esses aí são o jaçanã e o filhote de jaçanã. O jaçanã (Jacana jacana), do tupi ñaha´nã, é uma ave das porções Oeste da América do Sul, caradriiforme, paludícola, da família dos jacanídeos. Adoro dar informações úteis nos meus textos.

A ponte que estão construindo pra ligar Manaus a Iranduba.

Periferia aquática em Manaus.

Em cima do encontro das águas.

Casas flutuantes em Iranduba.

sábado, 1 de maio de 2010

Manaus

Ah, a metrópole! Nada como multidões nas ruas, carros pra todo lado, bancos, caixas eletrônicos, sinal de internet, prédios, biscoitos de marcas conhecidas no mercado, supermercados, Lojas Americanas, fast food, gente com pressa, mendigos, sujeira, fumaça... E em Manaus, a urbanidade se desdobra ainda mais de um jeito todo especial. Barcos, lanchas, rabetas, transatlânticos (transamazônicos?), cargueiros, catamarãs, iates, jet skis, botos... Todos compondo um tráfego intenso de coisas boiando. Engraçados são os postos de combustível flutuantes, que têm até loja de conveniências. Só não tem congestionamento porque o rio Negro é bem largo, mas isso não transmite muita segurança. A imagem que me vem à mente é de uma comprida pista de carrinhos bate-bate de diversos tamanhos, onde cada um vai pra onde quer. Por sorte, sei nadar.
Manaus também surpreende na urbanidade devido a essa história de zona franca. O comércio, pelo menos aqui perto do porto, é uma loucura. Parece que, se não tiverem o que vender, as pessoas pegam as ceroulas usadas da avó e começam um pequeno negócio. E pior que há quem compre, não duvide.
Legal que mesmo no shopping é possível achar coisas realmente baratas - mais baratas inclusive que nessas lojas do infinito comércio no meio da rua. Comprei um HD externo lá por um preço mais de R$ 200 abaixo do que tinha encontrado na rua.

Como estamos atracados no terminal hidroviário, o movimento de embarcações ao redor é bem grande e o barco mexe muito, o dia inteiro. Nessa de dormir e trabalhar aqui dentro, às vezes é meio estranho sair pra andar em terra firme. De vez em quando rola uma sensação parecida com estar dentro do barco mexendo, o pescoço tenta corrigir o horizonte (que não tem nada de errado, it's all in your head) e é preciso se apoiar em algo ou alguém. Deve ser parecido com labirintite.
O que deve estar influindo para esses efeitos psico-alucinógenos são as constantes pancadas da cabeça no teto do barco. A altura média do teto deve ser em torno de 1,78 m, o que não combina com pessoas de 1,83 m. Você se acostuma a andar curvado (ora de lado, ora pra trás, mas na maioria das vezes pra frente), e o problema é que bem no meio do barco passa uma viga 10 cm mais baixa que essa altura média. Sem falar nos ganchos de rede e nas pontinhas de ferro de alguns lustres. Aí não adianta, uma hora ou outra você vai certamente deixar as marcas do chifre em um desses obstáculos. Se ser alto já foi algum dia uma vantagem, eu não me lembro - pode ser amnésia devida às pancadas. Só sei que vou voltar corcunda e com diversos galos na cabeça.

Em homenagem ao Dia das Mães, segue a imagem abaixo. Minha mãe ficou com ciúmes da dedicatória à Gabriela, fazer o quê. Parabéns, mãe! Na minha idade, ela já tinha a Lu e eu, e vinha ainda a Marina pela frente.
E como o povo pediu, vamos ver se consigo subir mais algumas fotos que fiz na última semana.
Ok, não rolou. Só consegui subir essa aí, tem diversas outras mas parece que o sistema do blog não foi com a minha cara nesta manhã de domingo. Incrivelmente, as duas primeiras subiram facim facim.
Assim que conseguir, vou postar umas fotos de um bicho chamado jaçanã. Tem sempre alguns por perto nas comunidades do interior, mas eles são bem difíceis de fotografar. Descobri que a melhor técnica é achar uma mãe com um filhote, e só tomar cuidado pra ela não partir pra cima de você - o que é um risco a se correr.